O estilo Baladi de ser - Por Lua Kayla

Fifi Abdo - referência deste estilo

    O estilo Baladi é uma expressão, um adjetivo que caracteriza um modo de vida, autêntica designação da alma e cultura popular egípcia. A palavra significa “ do meu país” ou “ do povo” e representa tudo que é de raiz, nativa, da rotina. O termo se refere à atitude simples e orgânica da vida. Um exemplo dessa simplicidade é a galabia, um traje tradicional egípcio caracterizado como um vestido de corte reto, duas fendas laterais e mangas até os cotovelos, utilizados para diversos fins, entre ele, realizar as tarefas rotineiras. Claro que as representações artísticas desta dança no palco trouxeram brilho às galabias e variações de cortes (ver vídeo abaixo).


    Falando da música, o Baladi se desenvolveu dos ritmos tradicionais do Egito, músicas cantadas e tocadas nos vilarejos que possuem em suas letras as lembranças das origens, as raízes de um povo rural de vida simples. Em alguns vídeos antigos, podemos ver a cantora libanesa Fairuz se apresentando vestida com trajes típicos Baladi, representando uma jovem que sai do campo para os centros urbanos, cantando sua infância e suas aspirações.

    

    As improvisações estruturadas da música contam com a presença de um solista e percussionista, na maioria das vezes solo começa com um taqsim em sequência de pergunta e resposta. O taqsim é a improvisação de um instrumento melódico ou vocal (mawal), nesse momento o cantor é dominado por seus sentimentos contando histórias de amor ou desilusão. O acordeão é o instrumento mais característico tocado no baladi, mas também temos música com outros instrumentos como o qanum (uma espécie de harpa horizontal). Algo muito interessante é a presença do acordeão na música árabe, sendo esse instrumento de origem francesa não se sabe como foi incorporado pelos músicos árabes, mas é incontestável a beleza da sua melodia é surpreendente e inigualável.


    Na dança, o baladi é caracterizado por movimentos sinuosos feitos pelas bailarinas ao som do taqsim, juntamente com as batidas da percussão. A conexão com o chão é bem marcada, os movimentos são terrosos, pesados e íntimos com o foco no quadril e no centro do corpo. É uma dança popular, forte e ao mesmo tempo acolhedora, ela conversa com a música, com as emoções de forma espontânea. Não existe perfeição da técnica, mas a verdade do momento.

    

    O Baladi valoriza o que é natural, mostrando que o corpo feminino pode ser poderoso e suave ao mesmo tempo. Isso reflete na personalidade, ser Baladi é aprender a respeitar seus próprios ritmos e aceitar o corpo como ele é, celebrar a autenticidade, a expressividade e memória emotiva nos convidando ao enraizamento, a presença e a valorização da identidade.




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