"O corpo como criador do sentido age para captar informações, criando uma relação com o mundo, visando a vinculação social. O sujeito precisa do corpo para ganhar expressão, logo ele passa a ser uma construção onde o ser humano toma consciência do que é, do seu modo de ser e estar no mundo. A partir disso surge o exercício de enxergar o outro como a si mesmo, só temos consciência de nós mesmos após termos frequentado o outro. Na área da dança o corpo não é o único a ser preparado, a mente também faz parte do plano, interagindo com a habilidade de aceitação e outras descobertas. Dança é o corpo em movimento, expressão por onde as experiências se transformam em trajetória única de vida". - Lua Kayla
Agradecemos à professora Larissa Kelly de Oliveira Marques por aceitar o convite de ser entrevistada pela cia Mahabadra. Larissa é formada em Educação Física, sendo atualmente professora do Curso de Licenciatura em Dança na UFRN e professora do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (foto abaixo).
[LUA] Conte-nos um pouco da sua trajetória nas vivências das práticas corporais (dança e esportes)?
[LARISSA] Desde os 6 anos de idade iniciei a prática do ballet clássico. Nessa trajetória participei do corpo de baile do Balé da cidade do Natal, permanecendo nessa prática por muitos anos. Ainda criança, fiz natação e um pouco de basket. Também fui atleta de Ginástica Rítmica, prática desportiva que me propiciou muitos aprendizados, chegando a integrar a equipe da seleção do RN. No início da vida adulta pude me integrar à Acauã Companhia de Dança de Natal, Cia na qual experienciei novas descobertas no campo da dança (vivências com o Jazz, dança moderna, dentre outras técnicas e estéticas da Dança e de práticas corporais diversas como Eutonia, Massagem e Antiginástica.
[LUA] Qual a importância de práticas que envolvem movimento para sua vida?
[LARISSA] O movimento traz dinamismo e vitalidade ao nosso viver. Quando me movo, em práticas corporais diversas, aprendo relações espaço-temporais, descubro qualidades variadas de movimento (lento/rápido, forte/suave, de forma mais contínua ou em fluxo interrompido). Práticas que envolvem movimento favorecem o desenvolvimento ósseo e muscular, ativam a circulação sanguínea e o funcionamento fisiológico do corpo. Também contribuem para o meu equilíbrio psico-fisico e para eu aprender a me conhecer e me descobrir nas minhas potencialidades.
[LUA] Para você, a cultura na qual você está inserida influenciou nos seus gestos e na forma como seu corpo se comunica?
[LARISSA] As experiências culturais que vivo nos hábitos cotidianos que vão desde a culinária, minha relação com o divino, as danças que vivenciei e vivencio influenciam certamente no modo como me comunico gestualmente. Os gestos sempre são carregados de simbolismos culturais.
[LUA] Você já foi influenciada por traços de outras culturas? Quais?
[LARISSA] Considero que já fui influenciada por traços da cultura indígena, pois pesquisei e montei uma composição em dança acerca dessa temática, pela cultura japonesa, ao ter visitado o Japão e estudado sobre a dança Butoh e experienciado o Aikido (arte marcial), pela cultura europeia ao viver desde a infância os encantos do ciclo junino, pela cultura indiana com a prática da yoga e mais recentemente pela cultura árabe, por meio da prática da dança do ventre.
[LUA] Você pratica Dança do ventre e fusões. Quais as contribuições dessa modalidade para a sua vida?
[LARISSA] A dança do ventre tem trazido várias contribuições para a minha vida: reconhecer no meu corpo os movimentos sinuosos e enfáticos no quadril, no peito, nos ombros, assim como as variadas musicalidades que atravessam a dança do ventre. É muito importante aprender movimentos antes desconhecidos para mim, como uma oportunidade de me desafiar na dança e na vida, me descobrir e perceber o feminino que me habita.
[LUA] Qual o conselho que você daria para as pessoas sobre práticas corporais?
[LARISSA] O que posso sugerir é dizer que as pessoas busquem uma prática corporal que lhe traga conexão consigo mesmas, que lhe permita se sentir bem, com bom ânimo, com uma vibração pulsante pela vida.
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muito interessante o conselho da professora! a prática que gere a sensação de pertencimento será sinônimo de felicidade.
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